"Enquanto nos humanos e restantes mamíferos o ar entra e sai dos pulmões num vaivém, nas aves e nalguns répteis circula quase continuamente, maximizando o aproveitamento do oxigénio.
Nos mamíferos, o ar entra nos pulmões pelos brônquios e viaja até aos alvéolos onde se dão as trocas gasosas. Depois de o oxigénio da inspiração ser trocado nos alvéolos pelo dióxido de carbono, o ar, que será expirado, terá de percorrer o caminho inverso. Acreditava-se que o processo fosse equivalente para os restantes vertebrados, mas as aves e os aligatores-do-mississipi já mostraram que não. E agora foi a vez de o varano-terrestre-africano (um parente do dragão-de-komodo)contrariar a teoria inicial, num estudo publicado na revista Nature."
O ar segue a via respiratória principal e regressa passando de câmara em câmara
Emma Schachner/University of Utah
|
"... em pulmões daqueles lagartos falecidos, os investigadores injectaram ar e água para estudar o fluxo desses fluidos. Verificaram que a respiração neste réptil era unidireccional: ou seja, o ar inspirado e o ar expirado só percorriam o mesmo caminho numa parte inicial das vias respiratórias, fazendo um movimento circular dentro dos pulmões. O ar segue a via respiratória principal até à parte final dos pulmões, entra nas câmaras laterais, e vai migrando pelas várias câmaras em direcção à traqueia para ser expirado.
Esta circulação unidireccional no varano-terrestre-africano, em vez do vaivém dos mamíferos, é equivalente à dos aligatores-do-mississipi (Aligator mississippiensis), como verificou a investigadora num estudo anterior com outra equipa. Mas a estrutura dos pulmões nos crocodilianos, que são répteis tal como os varanos, tem mais semelhanças com a estrutura dos pulmões das aves.
Nas aves, o ar entra directamente para os sacos aéreos, que, além de terem um papel na respiração, também auxiliam no voo. Dos sacos aéreos passa para os pulmões, permitindo uma entrada quase constante de ar nos pulmões, que faz com que as aves aproveitem 2,5 vezes mais oxigénio do que os mamíferos. Julgava-se que esta adaptação serviria para as aves suportarem melhor o exigente esforço muscular do voo e a escassez de oxigénio em altitudes elevadas, mas a presença da mesma adaptação em répteis vem questionar esta teoria."
continua aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário