Estudo apresenta nova explicação para o fenómeno
CienciaHoje
2011-05-12
"Hot Jupiters" circulam muito próximos do seu astro centralUm artigo publicado na “Nature” aponta que alguns planetas fora do sistema solar giram no sentido contrário do das suas estrelas, o que invalida algumas teorias aceites até então sobre o assunto.
No sistema solar, em que o Sol faz uma rotação completa sobre o seu próprio eixo em 26 dias, os planetas orbitam no mesmo sentido do seu astro central. Contudo, há um ano, um grupo de astrónomos do Observatório de Genebra, na Suíça, revelou que há seis exoplanetas que orbitam em sentido contrário relativamente à rotação da sua estrela.
"Pensávamos que o nosso sistema solar era parecido com os demais do universo, mas desde o início [da descoberta de exoplanetas] observámos coisas estranhas nos sistemas extra-solares", explicou Frederic Rasio, astrofísico da Universidade de Northwestern, nos EUA, e co-autor do novo estudo.
Os investigadores da Suiça chegaram a esta conclusão depois de observar grandes planetas gasosos semelhantes a Júpiter que, por se encontrarem muito perto do seu astro central, foram baptizados de “hot Jupiters” (Júpiteres quentes). Segundo os astrónomos, um quarto destes astros giraria no sentido contrário, o que parecia “muito estranho”, visto que se encontram muito perto da estrela, sublinhou Rasio.
Para desfazer esta dúvida, a equipa da Universidade de Northwestern simulou, em computador, as órbitas de dois grandes planetas, estando um localizado muito mais perto do que o outro de uma estrela semelhante ao sol. Desta forma, as suas perturbações gravitacionais recíprocas levaram-nos a mudar de órbita. O planeta que se encontra mais perto aproximou-se progressivamente do astro central, tal como acontece com os "hot Jupiters" observados.
Isto deve-se ao efeito das marés resultante da proximidade da sua estrela. O planeta perde energia, fica mais lento e acaba por aproximar-se ainda mais. A sua órbita, que continua perturbada pelo outro planeta, pode mudar de direcção, ser contorcida ou até dar uma reviravolta completa.
Este cenário já tinha sido imaginado num sistema com duas estrelas, no qual uma delas deformava a órbita de um planeta que giraria em torno de outro. A experiência de Rasio mostrou que "a reviravolta também acontece quando o segundo planeta interage com o primeiro", o que explica que alguns planetas girem ao contrário quando os seus sistemas têm apenas uma estrela.
Didier Queloz, cientista que, juntamente com Michel Mayor, foi o primeiro a descobrir um exoplaneta a girar à volta de um planeta, sublinhou que "a noção de que todos os outros sistemas seriam parecidos com o nosso cai totalmente por terra. Somos apenas parte de um tipo de sistema solar, no meio de uma enorme diversidade de órbitas e de possibilidades".
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