sexta-feira, 13 de maio de 2011

Entre erupções vulcânicas na Festa da Ciência

Escola de Ciências da UMinho abre as portas com diferentes actividades

2011-05-12

Por Marlene Moura
O complexo pedagógico II do Campus de Gualtar encheu-se, ontem, de fumo, lava e erupções vulcânicas efusivas, explosivas e mistas. Ao segundo dia da 1ª edição da Festa da Ciência, organizada pela Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM), a tarde foi dominada por 55 equipas de alunos do 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico que participaram no concurso «Vamos fazer um Vulcão», cujo objectivo foi apresentar modelos em três dimensões (3D) e demonstrarem uma erupção. Os melhores projectos – avaliados segundo a construção, materiais utilizados, aspecto estrutural e estético e erupção – receberam prémios.
"Este é um tipo de vulcanismo havaiano efusivo", explicam ao «Ciência Hoje» (CH) João Graça e Ricardo Pereira, da equipa TJ da Escola EB23 Real, ladeando um modelo construído a partir de “material totalmente reciclado”. “O motor faz girar o sumo [representativo da lava] e ela começa a derramar”, assinala o primeiro. O vulcão do grupo TJ era de papel de celofane, ligado a um dispositivo electrónico dotado de uma bateria.

Mais à frente, a equipa número 28, da Escola Secundária de Amares, decidiu representar uma actividade mista, com acendalhas e serrim para promover o fumo e os vapores. No interior do cone, os alunos de Raquel Antunes, professora de Ciências Naturais, misturaram “bicarbonato de sódio e vinagre” e a reacção produzida previa “libertar gás (dióxido de carbono), simulando o fumo expelido pelo vulcão”, referiu.
A escola já tem vindo a lançar reptos semelhantes ao público mais novo. No entanto, este ano, o nome pretende marcar uma nova tradição em Braga. Uma das pretensões, segundo Estelita Vaz, presidente da ECUM, é tornar este evento “num futuro festival”, com actividades internacionais.
“Esta ideia de componente lúdica, por detrás da ciência é muito positiva” e leva os mais pequenos a verem a ciência “de forma festiva” sem deixar que perca o sentido, contou ao CH. “Nos dias de hoje, a cultura tem forçosamente de ser completada com ciência”, sublinhou. “Queremos lembrar a intervenção da ciência no nosso dia-a-dia”.

Explicação racional




Nem sempre o caminho mais curto é o mais rápido. É possível circular numa bicicleta com rodas quadradas. Numa mala quadrangular cabem mais cubos se não estiverem alinhados. Todas estas afirmações dependem de explicações matemáticas, assegurou Teresa Malheiro, docente do Departamento de Matemática e Aplicações da ECUM.

“Um triciclo circula com rodas quadradas desde que o terreno não seja plano e que o comprimento de cada lado seja equivalente ao do arco da catenária invertida”, explicou a docente.

A exposição interactiva dedicada a esta área do raciocínio lógico e abstracto foi levada pela enchente e pela curiosidade. Uma das alunas presentes, Catarina Pereira, não desiste e garante que cabem mais cubos dentro da caixa se estes estiverem desalinhados.
Segundo a docente, os alunos do 1º ciclo mostram mais curiosidade e mais interesse nas actividades do que os do 9º ano. A matemática é ainda vista como “um bicho-de-sete-cabeças e a iniciativa pretende contrariar a ideia”. A motivação perde-se, muitas vezes, pelo caminho e segundo, Teresa Malheiro, ocorre essencialmente “na passagem para o terceiro ciclo”.
continua

Planetas que giram ao contrário

Estudo apresenta nova explicação para o fenómeno

CienciaHoje
2011-05-12
"Hot Jupiters" circulam muito próximos do seu astro centralUm artigo publicado na “Nature” aponta que alguns planetas fora do sistema solar giram no sentido contrário do das suas estrelas, o que invalida algumas teorias aceites até então sobre o assunto.
No sistema solar, em que o Sol faz uma rotação completa sobre o seu próprio eixo em 26 dias, os planetas orbitam no mesmo sentido do seu astro central. Contudo, há um ano, um grupo de astrónomos do Observatório de Genebra, na Suíça, revelou que há seis exoplanetas que orbitam em sentido contrário relativamente à rotação da sua estrela.
"Pensávamos que o nosso sistema solar era parecido com os demais do universo, mas desde o início [da descoberta de exoplanetas] observámos coisas estranhas nos sistemas extra-solares", explicou Frederic Rasio, astrofísico da Universidade de Northwestern, nos EUA, e co-autor do novo estudo.
Os investigadores da Suiça chegaram a esta conclusão depois de observar grandes planetas gasosos semelhantes a Júpiter que, por se encontrarem muito perto do seu astro central, foram baptizados de “hot Jupiters” (Júpiteres quentes). Segundo os astrónomos, um quarto destes astros giraria no sentido contrário, o que parecia “muito estranho”, visto que se encontram muito perto da estrela, sublinhou Rasio.
Para desfazer esta dúvida, a equipa da Universidade de Northwestern simulou, em computador, as órbitas de dois grandes planetas, estando um localizado muito mais perto do que o outro de uma estrela semelhante ao sol. Desta forma, as suas perturbações gravitacionais recíprocas levaram-nos a mudar de órbita. O planeta que se encontra mais perto aproximou-se progressivamente do astro central, tal como acontece com os "hot Jupiters" observados.
Isto deve-se ao efeito das marés resultante da proximidade da sua estrela. O planeta perde energia, fica mais lento e acaba por aproximar-se ainda mais. A sua órbita, que continua perturbada pelo outro planeta, pode mudar de direcção, ser contorcida ou até dar uma reviravolta completa.
Este cenário já tinha sido imaginado num sistema com duas estrelas, no qual uma delas deformava a órbita de um planeta que giraria em torno de outro. A experiência de Rasio mostrou que "a reviravolta também acontece quando o segundo planeta interage com o primeiro", o que explica que alguns planetas girem ao contrário quando os seus sistemas têm apenas uma estrela.
Didier Queloz, cientista que, juntamente com Michel Mayor, foi o primeiro a descobrir um exoplaneta a girar à volta de um planeta, sublinhou que "a noção de que todos os outros sistemas seriam parecidos com o nosso cai totalmente por terra. Somos apenas parte de um tipo de sistema solar, no meio de uma enorme diversidade de órbitas e de possibilidades".