terça-feira, 29 de junho de 2010

Genoma do piolho decifrado

Sobrevivência do insecto depende do ser humano

CienciaHoje
2010-06-22

Uma equipa internacional de investigadores decifrou o genoma do piolho, companheiro inseparável do ser humano há milhões de anos, revela um estudo que traz novas informações sobre a biologia humana e a deste insecto.

De acordo com a Proceedings of the National Academy of Sciences, onde foi publicado o artigo, a sobrevivência deste parasita, que mede de dois a três milímetros de comprimento, é totalmente dependente dos humanos, sendo que o insecto desapareceria da Terra se estivesse separado dos homens por muito tempo.

O corpo do piolho apresenta "o menor número de enzimas de desintoxicação observadas em qualquer outro insecto", revelou John Clarck, investigador da Universidade de Massachusetts e um dos autores do estudo.
Este número reduzido de enzimas de desintoxicação faz com que o organismo do piolho seja potencialmente promissor para o estudo da resistência aos insecticidas e outros mecanismos de defesa.

Os autores do estudo decifraram, ainda, o genoma de uma bactéria que vive no corpo do piolho, a Candidatus riesia pedicullicola.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Europa corre o risco de escassez de minerais "fundamentais"

CE identificou 14 matérias-primas
CienciaHoje
2010-06-21


Volfrâmio com um pouco de quartzo.(Minas da Panasqueira - Portugal)

«A Comissão Europeia (CE) identificou 14 matérias-primas minerais, consideradas “fundamentais” para a indústria europeia, que se encontram em risco de escassez. Para tal, já foram propostas medidas de como fomentar a investigação de substitutos e a reciclagem de produtos.



De 41 minerais e metais estudados por especialistas europeus, os 14 tidos como “fundamentais” são: o antimónio, berílio, cobalto, gálio, espato-flúor, germânio, grafita, índio, magnésio, nióbio, metais do grupo da platina, terras raras, tântalo e o volfrâmio.

Segundo a CE, estes elementos são essenciais para produtos de alta tecnologia e de consumo diário, como para a criação de telemóveis, baterias de lítio, cabos de fibra óptica, células fotovoltaicas e combustíveis sintéticos. Para Bruxelas, “uma matéria-prima fundamental é aquela que quando o risco de escassez de abastecimento provoca implicações na economia”.

A CE prevê que a demanda de determinados produtos possa triplicar até 2030. O risco de subministro de “matérias-primas fundamentais” deve-se à crescente demanda das economias em desenvolvimento e de novas tecnologias emergentes.

Grande parte da produção mundial provem de poucos países, como a China, no caso do antimónio, do espato-flúor, gálio, germânio, grafita, índio, magnésio, terras raras e volfrâmio; a Rússia, para a platina; a República Democrática do Congo, para o cobalto e tântalo e o Brasil para o nióbio e tântalo.»

Associação de professores faz reparos ao exame de Biologia e Geologia

Apesar de considerar prova "equilibrada"


Associação de professores faz reparos ao exame de Biologia e Geologia

A prova escrita de Biologia e Geologia do 11º ano, realizado na passada quinta-feira, foi “equilibrada” e “contextualizada com o programa” sustenta um parecer da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia, enviado hoje ao PÚBLICO. Mas a associação fez reparos a seis questões. O Ministério da Educação diz que não há razões para alterar critérios.

A discussão sobre as questões e propostas de correcção do exame por parte de professores, pais e alunos está patente na caixa de comentários do PÚBLICO da notícia “Houve uma errata mas o problema em Biologia até pode ser o Português”, e até já teve direito a uma petição e a um grupo no Facebook.


A associação de professores deu agora um parecer sobre o exame, referindo que “globalmente a prova pareceu equilibrada, contextualizada com o programa (…) e apresentando um tamanho adequado à duração proposta.” Em relação às dúvidas, das 29 questões, houve reparos a seis. As mais graves foram referentes a questões sobre ciências da Terra.

No grupo I, com questões desenvolvidas a partir de um enunciado que descreve um caso de uma região de Portugal que tem dois granitos diferentes, a associação critica duas questões. A pergunta 2, de resposta múltipla, obrigava a identificar a diferença e a semelhança entre os granitos. A textura, que em geologia refere-se aos diferentes constituintes de uma rocha, seria uma das diferenças. Mas segundo a associação, “apesar de um ponto de vista petrológico” a diferença ser evidente no texto, os “examinados, balizados pelos conceitos claramente enunciados pelo programa [da disciplina], facilmente indiciariam idêntica textura em ambos”.

A pergunta quatro do mesmo grupo também causou críticas. Nesta questão pedia-se para explicar em que é que as fortes amplitudes térmicas eram responsáveis pela erosão física que causa um fenómeno geológico chamado “pedras parideiras”. Na proposta de correcção é exigido que se mencione o “efeito da crioclastia, quando o que é perguntado é apenas qual o efeito das variações da temperatura”, escreveu num comentário Luísa de Lisboa, a criticar o exame.

A leitora defendeu que a variação de temperatura “remete para a termoclastia” e que não há indicações que seja “necessário mencionar o gelo”. Paula Canha, professora da Escola Secundária de Odemira, defende que “um aluno pode explicar perfeitamente [o fenómeno] por acção das amplitudes térmicas sem referir que a água congela nas fracturas”, explicou ao PÚBLICO por email. A associação de professores refere simplesmente que o fenómeno não é explicado pelo aparecimento de fracturas nas rochas – que está na proposta de correcção.

Na pergunta 7 do grupo III, onde se pedia para colocar em sequência fenómenos que aconteceram durante a formação da Terra, há mais críticas. “Basta trocar uma letra em 7, de duas ordens bastantes discutíveis”, para se ter a resposta mal, argumentou um leitor anónimo. Neste caso a associação concede a mesma crítica explicando que três das sete frases descrevem fenómenos “interligados e simultâneos”.

Relativamente à Biologia, a maior crítica diz respeito à pergunta 6 do grupo II onde é necessário relacionar o fitoplâncton à produção primária de biomassa para se ter a questão de resposta múltipla correcta. Esta expressão, apesar de estar certa, “não surge patente no programa da disciplina”, diz o parecer. Neste caso Paula Canha discorda, explicando que o conceito de biomassa é sempre igual em qualquer contexto. “Os alunos devem perceber porque é que o fitoplâncton produz biomassa, no fundo é perceber a importância da fotossíntese para os ecossistemas”, diz.


Gave não altera

Houve mais dois reparos em todo exame, um sobre uma gralha no texto do grupo IV que não tinha consequência nas respostas e outro na representação do eixo do rifte na figura 6 do grupo III. Quanto à parte do exame que causou mais polémica devido a haver uma correcção durante a prova – respeitante ao texto e esquema de arranque do grupo II sobre o ciclo de vida de um grupo aquático pouco conhecido chamado rotíferos – a associação não fez qualquer menção.

Segundo o Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação (GAVE) esta errata não chegou a 260 alunos, de entre 38795 que realizaram o exame. Apesar do GAVE salientar que a “ausência da nota não tinha implicações na resolução do item”, algo que Paula Canha também concorda, o gabinete vai “monitorizar rigorosamente a classificação das provas dos alunos que não receberam a errata”, explicou ao PÚBLICO, por email, uma das assessoras de imprensa do ME. Quanto às críticas aos critérios de correcção, o Gave afirma que respeita a nível científico a opinião da associação de professores mas aponta que é o programa da disciplina o único referente para a elaboração dos exames. Por isso “não há razões objectivas e fundamentadas para proceder a qualquer alteração dos critérios de classificação.”


Há ainda uma crítica mais geral, patente nos comentários, sobre a disparidade do nível de dificuldade dos exames que Paula Canha concorda. “O grau de dificuldade dos testes intermédios e exames deveria ser semelhante e não é”, assim como “o grau de dificuldade dos exames, de ano para ano, não é consistente.” A professora é da opinião que o exame pode ter uma estrutura “que permita que os alunos que estudaram e sabem a matéria tenham uma positiva, mas simultaneamente ter um lote de questões que permitam distinguir aqueles alunos que chegam mais longe”.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Exame BIOLOGIA-GEOLOGIA-10/11

Houve uma errata mas o problema em Biologia até pode ser o português

Público
18.06.2010 - 07:37 Por Clara Viana

"É uma das provas necessárias para entrar nos cursos de Saúde e por isso uma das mais concorridas do ensino secundário. Opiniões recolhidas entre alunos dão conta que o exame de Biologia e Geologia do 11.º ano, realizado ontem, correspondeu à matéria que foi trabalhada nas aulas e decorreu sem percalços de maior.

Um erro na impressão do enunciado da versão 2 da prova levou, contudo, a que fosse necessário entregar uma errata aos alunos. O Ministério da Educação admite que, na parte inferior da figura 3 - uma representação esquemática do ciclo de vida de um rotífero - faltava "um carácter relevante para a resposta dos alunos", mas frisa que a questão ficou resolvida com a entrega da errata, "não decorrendo qualquer perturbação na compreensão da questão em causa e da sua resolução". A versão disponibilizada na página do Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) é já a prova corrigida.

Para o exame de Biologia e Geologia estavam inscritos 57.048 alunos. Quase 18 mil não compareceram, o que representa 31 por cento do total. Em 2009, a percentagem de estudantes que faltou à primeira fase desta prova também foi de 31 por cento. Nos últimos quatro anos, a média no exame só foi positiva em 2008: chegou aos 10,5. Pior que Biologia só Física e Química, que é a segunda prova mais concorrida do secundário, mas onde a média em exame não foi ainda além do 9,3 nestes anos.

Qualidades que definham

Num artigo publicado ontem no especial exames nacionais 2010, que pode ser seguido em www.publico.pt/, Paula Canha, professora de Biologia do ensino secundário, afirma que "a falta de preparação dos alunos na língua portuguesa" é a "principal causa deste insucesso". Um sobressalto é o que provoca, no mínimo, o diagnóstico que esta docente traça dos estudantes e da escola: "Muitas vezes os alunos não compreendem os dados dos problemas, não sabem relacioná-los e/ou não conseguem comunicar por escrito de forma eficaz. De uma forma seca e dura, muitos alunos lêem mal e escrevem pior. Acrescentaria a este diagnóstico a falta de agilidade mental e de espírito crítico. São qualidades que, na escola, frequentemente definham gradual e silenciosamente, a par com outra grande qualidade de um cientista: a curiosidade."


Estou plenamente de acordo!